quarta-feira, 9 de maio de 2012

FERNANDO LUIZ UM ROQUEIRO CONVERTIDO AO BREGA

Conheça um pouco sobre a história de vida do cantor FERNANDO LUIZ, que será atração do dia 12 de maio,
na ACDA de Apodi. 


FERNANDO LUIZ - DO ROCK AO BREGA - 40 ANOS DE CARREIRA

Fernando Luiz é um roqueiro convertido ao brega. E na música popular descobriu caminhos fáceis à felicidade. Mas para estreitar esse percurso, o autor do clássico Garotinha ralou muito. São 40 anos de carreira, de causos, de sucessos e insucessos, resumidos no prestígio do público, no desprestígio persistente dos gestores locais e no sorriso fácil no rosto pela vida estabilizada, no âmbito profissional e pessoal.

Essa história começa em 21 de janeiro de 1952, quando a mãe, parteira, dá à luz o filho único que nunca conheceu o pai militar. Infância no Areal das Rocas, nos campos verdes de Ceará-Mirim ou onde a mãe recebia melhor proposta de trabalho e migrava de cidade. E foi em Nova Cruz onde assistiu o show do cantor mirim Iraquitan Brito, no Comercial Atlético Clube, que tudo começou.

Fernando Luiz em festa solidária ao GACC
Grupo de Apoio à Criança com Câncer
 
"O menino era da minha idade, 11 anos, era sucesso. Eu já gostava de cantar em casa. Sabia que tinha ritmo. Eu só era muito tímido. Mas pedi ao diretor do clube pra cantar também. E nãoparei mais", lembra Fernando Luiz. Vieram os convites para shows e para integrar a banda Regional do Tenente Freitas, por três anos. Até terminar o ginásio e vir a Natal morar com a tia e cursar o clássico.

Encantado com o programa de auditório Sabatina da Alegria, na Rádio Poti e depois no Cine São Luiz, logo receberia o primeiro lugar entre os calouros. "Não tinha cachê, mas era bom demais". Da vitrine do programa veio o convite da banda Os Apaches, quando tinha apenas 17 anos. "Natal tinha as melhores bandas de baile do Norte e Nordeste. E com Os Apaches eu cantei de tudo. Foi um aprendizado".
 Paralelo à carreira de cantor, Fernando Luiz trabalhava de diskjóquei na AM Rádio Nordeste. "Só tocava internacional. Estava influenciado pela época. Tinha horror ao brega. Eu ficava invocado quando me chamavam de cantor popular". Mas sem audiência, o programa mudou de horário e programação. "Fui obrigado a tocar brega, meus ídolos de infância".

O período colegial terminara. "Enrolei dois anos pra fazer o vestibular e migrei para o Rio de Janeiro. Eu queria ser um astro da música. Em dezembro de 1973, participei do concurso de calouros do Chacrinha. Em janeiro saí vencedor". Um episódio curioso foi que a jurada Araci de Almeida taxou Fernando Luiz de desafinado. "Chacrinha expulsou Araci do júri".

O genro ator global Murilo Rosa e a filha Top Model Fernanda Tavares

Fernando Luiz passou a cantar na noite carioca. Estreitou laços com cantores populares. "Foram três anos de sofrimento. Cheguei a pedir dinheiro na rua, com a carteira de músico na mão". Em 1975, casou. Dividia a carreira na noite com o trabalho de vendedor de livros da Abril Cultural. "Foram quatro anos. Cheguei à gerência, me estabilizei e cantava mais esporadicamente".

Em 1979, venceria novamente o concurso no Chacrinha de melhor intérprete de Roberto Carlos. "Me empolguei e decidi cantar novamente". Em 1980, o então comunicador Carlos Alberto de Sousa convidou Fernando Luiz para assinar contrato com a RGE. "Larguei a Abril e voltei a Natal. Nada deu certo. O cantor gravaria um compacto em 1982, bancado pelo deputado Osvaldo Garcia.

Fernando Luiz apresentando seu programa Talento Potiguar 
 
 
A GAROTINHA DOS OLHOS

Em Natal, Fernando Luiz dividia o trabalho de locutor de rádio e shows em circos pelo interior potiguar. Mas ainda voltaria ao Rio de Janeiro com as duas músicas do compacto simples gravado para tentar contrato na Odeon, por intermédio de Miguel Plopschi, conhecido do programa do Chacrinha. "Me lançaram como cantor na linha de Carlos Alexandre. Vendi 1.600 cópias. Me senti artista pela primeira vez". Mas Miguel saiu da Odeon e demitiram Fernando. "Voltei pra Natal de novo. Passei a me dedicar à rádio. Tinha quase desistido quando Otávio Abreu, diretor da Gravason, do Pará, procurou um substituto pra um álbum já pago e me chamou. Gravei o LP Vou Voltar P'ro Meu Amor (1984)". E nesse álbum, viria o divisor de águas da carreira do cantor: o sucesso Garotinha e nove mil cópias vendidas.

Fernando Luíz integrou o time de cantores do forró brega do Brasil: Alípio Martins, Zé Orlando, Carlos André, Eliane... Fez shows lotados no Norte e Nordeste e pelo Rio-São Paulo por cinco anos. Até o divórcio, em 1989. "Minha ex-mulher levou os filhos para o Rio e voltei pra lá. Mas o que acabou a carreira dos cantores de forró brega foi o forró eletrônico. O público permaneceu e permanece, mas perdemos a mídia".

algumas capas Lps da discografia
 
O cantor natalense ainda lançou mais dois discos por gravadoras e outros de forma independente. Produziu muitos discos de artistas potiguares, a exemplo do primeiro LP de Glorinha Oliveira, em 1988. Hoje, Fernando Luiz divide seu tempo entre o programa de TV, projetos culturais voltados à música da periferia (a exemplo do guia Talento Potiguar), shows pelo interior do Estado e trabalhos paralelos ao lado da esposa Joelma.

Fernando Luiz construiu uma carreira de sucesso regional consolidado. Foram 20 discos gravados, entre dois compactos, sete LPs, sete CDs, um DVD e três coletâneas. Leva a missão de incentivar e promover a cultura musical popular como filosofia de vida. "É um dever meu. Pelo que passei na vida, posso fazer isso. E hoje sou realizado. Foi nessa estrada que descobri que ser feliz é fácil; difícil é saber que é fácil ser feliz".

Por: Sérgio Villar

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