O Rio Grande do Norte perdeu aproximadamente 300 jovens que tinham entre 18 e 24 anos, somente em 2009, para a violência que vem crescendo na maioria dos Estados do Nordeste ao longo dos últimos anos. Esses quase 300 jovens potiguares morreram vítima de assassinatos, acidentes de trânsito, afogamentos etc. Os números fazem parte da última pesquisa divulgada na sexta-feira passada, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Estatística de Registro Civil, publicada desde 1972 no Brasil, alerta para os riscos que sofrem os jovens brasileiros, hoje maiores vítimas da violência. O estudo traz uma relação das mortes violentas registradas nos Estados brasileiros com o total de mortes ocorridas em 2009. Nesta perspectiva, o Rio Grande do Norte ocupa o incômodo quarto lugar, no que se refere à região Nordeste. 17% das 1.752 mortes violentas registradas no RN é fruto de ações violentas contra jovens do sexo masculino que têm entre 18 e 24 anos - ou seja, 297,84 casos.
Para o professor e pesquisador da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Vanderlan Silva, a vulnerabilidade dos jovens está diretamente ligada à uma cultura machista. Ele ressalta que o jovem, especialmente do sexo masculino, está mais propício a sofrer com a violência, seja num acidente de trânsito, numa briga que resultará em assassinato. "A exposição dos rapazes é bem maior. Para cada uma mulher atingida por violência no Brasil, temos quatro rapazes. Essa é uma estatística na maior parte do Brasil", avaliar o professor.
Valderlan Silva, que é doutor em Ciências Sociais e realiza pesquisas ligadas à segurança pública, faz questão de frisar que as mortes violentas podem estar condicionadas à classe social. No caso do homicídio, ele afirma está mais ligado aos jovens da classe baixa - não excluindo aqueles de maior poder aquisitivo. É que jovens mais pobres enfrentam problemas como falta de educação, saúde, habitação, que influenciam diretamente nesta questão. Enquanto nos acidentes de trânsito, por exemplo, a maior incidência é para as classes média e alta.
Na região Nordeste, o pior índice de jovens entre 18 e 24 anos que morreram de forma violenta, tomando como base a relação mortes violentas/morte absoluta, é Alagoas, onde 21,1% das mortes ocorridas em 2009 foram fruto da violência. Já na outra parte do ranking, que teve o menor índice, está o Piauí, onde apenas 9,3% dos jovens foram vitimados pela violência, ou seja, foram assassinados, morreram em acidente etc. Em nível de Brasil, o pior índice é no Mato Grosso, com 23,8%, enquanto Amazonas e Roraima tiveram apenas 8,9%.
Jornal de fato
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