quinta-feira, 6 de outubro de 2011

DEPRESSÃO A DOENÇA QUE AFLINGE MUITA GENTE




Mal compreendida e ainda cercada de preconceito, a depressão aflige muita gente que prefere guardar o silêncio quanto à doença em vez de dividir o problema com os amigos ou as pessoas próximas: dificuldades de relacionamento e baixa autoestima tornam cada dia um obstáculo duro de vencer. Sentir tudo isso na pele dói e, atualmente, mais de 17 milhões de brasileiros sofrem com os sintomas da depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde - no mundo, os números ultrapassam 120 milhões de diagnósticos.

A tristeza profunda é um dos sinais mais conhecidos da doença que, no entanto, provoca muitas outras complicações no corpo, algumas raramente associadas à depressão.




Todo mundo fica triste de vez em quando. Acontece algo ruim, ou simplesmente a gente está num mal dia, e de repente tudo parece pior ou sem graça. Isso nos permite reavaliar nossas decisões, economizar nossas energias e até atrair ajuda. Mas em alguns casos a pessoa não se sente capaz de resolver seus problemas, que vão crescendo cada vez mais, realimentando um ciclo vicioso que chamamos de depressão.


No Limiar da Eternidade. Pintado por Vincent van Gogh poucos dias antes de cometer suicídio.
A depressão não é pouca coisa. Na verdade, a depressão é a doença que mais tira anos de vida saudáveis dos brasileiros. No caso das mulheres, é ainda pior: 11% de toda a carga de doença é devida à depressão. Essa carga de doença é medida na forma de anos de vida perdidos por morte precoce, com um acréscimo pelo grau de incapacidade das pessoas que sobrevivem com a doença, multiplicando pelo número de pessoas afetadas. (Leia também: Os 10 maiores fatores de risco para a saúde do Brasil.)


Para fins práticos, o critério mais importante para diferenciar a tristeza-normalidade da depressão-doença é a duração. Quando o estado depressivo ultrapassa duas semanas, a chance da pessoa se recuperar sozinha nos próximos dias é cada vez menor. E o mais importante, os tratamentos disponíveis não adiantam para os tristes, mas sim para os deprimidos.


Leia as seguintes perguntas com muita atenção:


Nas duas últimas semanas, sentiu-se particularmente triste, desanimado(a), deprimido(a), durante a maior parte do dia, quase todos os dias?


Nas duas últimas semanas, teve, quase todo tempo, o sentimento de não ter mais gosto por nada, de ter perdido o interesse e o prazer pelas coisas que lhe agradam habitualmente?


Se você respondeu sim para pelo menos uma das perguntas, é possível que você esteja com depressão. Responder sim às duas dá quase certeza, embora existam outros sintomas a serem avaliados.
Para a maioria dos brasileiros, o primeiro profissional a ser procurado é o médico de família e comunidade. Cabe a ele a avaliação inicial do caso, inclusive para descartar doenças que podem trazer sintomas parecidos, como a anemia ou o hipotiroidismo. Em muitos casos nem é necessário pedir exames, mas não existe uma regra simples para isso. Infelizmente, a maioria dos médicos de família e comunidade no Brasil não tem treinamento em Saúde Mental, de forma que o mais provável é a pessoa ser encaminhada para um psicólogo e/ou um psiquiatra.


É sempre bom lembrar que tanto psicólogo quanto psiquiatra cuidam de loucos, mas também de deprimidos. Na verdade, transtornos de ansiedade e depressão são o arroz com feijão da maioria dos serviços de Saúde Mental.


Para quem tem plano de saúde ou paga diretamente por consultas, o primeiro passo também é procurar um médico de confiança, que já atenda a pessoa regularmente. Se a pessoa não tiver um médico de confiança, é melhor procurar um psiquiatra diretamente, de preferência um que tenha sido recomendado tanto por outro médico quanto por outro paciente.

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