quinta-feira, 26 de junho de 2008

PRA REZAR

Oração ao verbo errante...


Deus me proteja da intelectualidade. Da sapiência burra que estufa os peitos destes homens da palavra, transformando-os em semi-deuses aqui na terra. Deus me proteja.

Que eu possa escrever sempre assim, sem compromisso de ser grande e sem necessidade de ser mais do que isso que já sou: nada.


Que o meu verbo alcance a ponta do meu nariz e ainda assim me traga a felicidade de ter expressado o meu pensamento de forma clara e consciente.


E que do outro lado desta escrita, você compreenda a dimensão do meu pensar, que se identifique com algumas das minhas vivências, que tenha raiva, que concorde ou discorde, mas que leia e entenda aquilo que eu quis expressar.


Deus me proteja da sanha dos críticos soberbos. Estes que sempre são sempre maiores que todo o mundo e que carregam o mundo na barriga como fossem reis de um mundo de faz-de-conta.


Que a língua portuguesa perdoe os meus pecados e que seja possível alcançar os reinos sagrados do razoável, do aceitável, do cabível ao coração e à mente.


E que tudo isto não valha um tostão quando eu não mais estiver aqui, pois a valia do que escrevo a ninguém pertence, nem a mim, nem a vós, “sábios” de mundo inteiro. Minha escrita é das ruas e é pra sarjeta que ela deve retornar. Amém.