Celebrada em Lagoa Real há 20 anos, é um evento religioso, tradicional na cultura popular do sertão pernambucano. É um espetáculo turístico cultural que tem sua origem assentada em uma história sangrenta. Precisamente na madrugada de 8 de julho de 1954, o vaqueiro Raimundo Jacó (primo do cantor Luiz Gonzaga), é traiçoeiramente assassinado com uma pancada na cabeça nas caatingas do Sítio de Lages, distrito do município de Serrita, localizado no alto sertão Araripe, localizado a 553 quilômetros de Recife.
À noite anterior, o vaqueiro havia passado em companhia de Miguel Lopes, com quem cultivava um rixa antiga. Acredita-se que foi Lopes que cruelmente roubou a vida de Raimundo, fazendo com que o sertão se cobrisse de luto e dor. A pedra, manchada de sangue, que foi usada para cometer o crime, foi recolhida como prova evidencial e entregue à Polícia local, mas misteriosamente desapareceu. O crime, portanto, sem evidências, nunca foi solucionado.
E, assim, em torno de Raimundo Jacó, criou-se um mito, sendo consagrado, como protótipo do vaqueiro, símbolo de dedicação e coragem.
E, assim, em torno de Raimundo Jacó, criou-se um mito, sendo consagrado, como protótipo do vaqueiro, símbolo de dedicação e coragem.
O espírito místico deste povo, aliado ao credo do homem à terra, transformou o lugar crime em sagrado, passando a ser motivo de constante romaria. A este vaqueiro mártir foram atribuídos a partir de então, vários milagres.
No terceiro domingo do mês de julho de 1971, ao ar livre, por decisão do Padre João Câncio, apoiado por Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira, conhecido repentista do Cariri, foi celebrada a primeira Missa do Vaqueiro, uma homenagem à Raimundo Jacó, o vaqueiro covardemente assassinado.
Daí então a Missa do Vaqueiro, celebrada em diversas cidades do Nordeste, a exemplo de Lagoa Real, não se tornou uma homenagem tão somente a Raimundo Jacó, mas a todos os corajosos vaqueiros nordestinos, que desafiam no seu dia-a-dia, a seca, a fome e o perigo do Sertão Nordestino.
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